sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

DEMISSÕES NA MARFRIG SEARA EM ROCA SALES - NOTA DE REPÚDIO!

A CNTA – CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTAÇÃO E AFINS, entidade de 3º Grau que representa mais de um milhão de trabalhadores da alimentação em todo o Brasil, vem a público repudiar, de maneira veemente, as demissões promovidas pela empresa Marfrig/Seara, com o fechamento da unidade de frangos na cidade de Roca Sales, no Rio Grande do Sul. Como é de conhecimento público, a empresa Marfrig vem expandindo e diversificando seus negócios em todo o Brasil, chegando à condição de segunda maior produtora de aves e suínos e segunda maior processadora de carne bovina do país. Todo esse crescimento, fartamente noticiado na imprensa, que no Rio Grande do Sul inclui a aquisição da Penasul (2008), da Seara (2009) e, recentemente, envolve a troca de fábricas com a empresa BRF – Brasil Foods, entre outras, conta com um substancial financiamento público através do BNDES, que segundo notícia veiculada no site BEEF POINT, entre as mais diversas linhas de crédito e participações acionárias, chega a 3,8 bilhões de reais.
Ainda que com recursos próprios, o fato de uma empresa adquirir unidades produtivas para desativá-las, causando prejuízos aos trabalhadores e às comunidades onde essas fábricas estão instaladas, utilizando-se de poder financeiro para impor o interesse privado se sobrepondo ao interesse coletivo, já seria motivo de uma investigação criteriosa por parte do Ministério Público e de outras autoridades competentes, ainda mais quando a alegação para tal ato é tão fútil.
Alegar dificuldades logísticas e sazonais é atentar contra a inteligência da classe trabalhadora, pois dificuldades logísticas e sazonais fazem parte de qualquer negócio, principalmente nas indústrias de alimentos, ou a Direção da empresa Marfrig desconhece um fato que qualquer leigo saberia? Antes de adquirir a Seara, em um negócio de tamanho vulto, a Direção da Marfrig não sabia que a unidade de frangos de Roca Sales tinha os problemas que agora ela alega para fechá-la? É claro que sabia! Caso contrário, os responsáveis, que estão à frente dos negócios da empresa, estariam investindo “no escuro” e com isso, pondo em risco o dinheiro de seus acionistas, incluindo o dinheiro público investido pelo BNDES.
O que a Direção da Marfrig não sabe, com certeza, é que o que para eles trata-se apenas de um negócio como outro qualquer, cuja decisão afeta apenas a menor ou maior lucratividade da empresa, para os
trabalhadores, e para as comunidades envolvidas, trata-se de uma questão social, que afeta diretamente a vida das centenas de trabalhadores demitidos e suas famílias, ainda mais em um município pequeno, onde a falta da atividade profissional na qual esse trabalhador é qualificado, implica na mudança para outras cidades em busca da sobrevivência.
Se já é indigno quando a vida das pessoas é tão claramente relegada à condição de insignificância diante da necessidade do lucro privado, com a participação de dinheiro público, em tal ato, é mais do que indigno, é inadmissível.
Por isso, a CNTA repudia esse e qualquer ato dessa natureza, praticado por qualquer empresa, pública ou privada, e, assim, buscará por todos os meios, com as autoridades, mobilizar a opinião pública e a classe trabalhadora, para impedir que mais situações, como esta, venham a ocorrer.
Artur Bueno de Camargo
Presidente

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