Artur Bueno de Camargo (*)
Nos últimos dias, temos assistido, na mídia, um movimento da CUT – Central Única dos Trabalhadores, que na verdade não é a única, pois existem mais 05 (cinco) centrais, também reconhecidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, em nosso país.
Pois bem, contrariando as outras 05 (cinco) centrais, assim como a maioria das entidades sindicais de 1º, 2º e 3º graus, inclusive sindicatos filiados à própria CUT, a direção desta referida central decidiu fazer um movimento para desenvolver uma campanha direcionada à aprovação do fim da contribuição sindical.
A maior contradição desta iniciativa não é a defesa do fim da contribuição sindical sem o apoio da maioria das entidades sindicais, inclusive da sua própria base, mesmo porque a cúpula da CUT também defende a “pluralidade sindical”, o “negociado sobrepor-se ao legislado”, a “flexibilização dos direitos trabalhistas”, a aprovação da “Convenção 87, da OIT (Organização Internacional do Trabalho)” e a PEC (Projeto de Emenda Constitucional) 369, do Poder Executivo, e tudo também sem a concordância da maioria. Vale lembrar que tudo isto vem para retirar direitos dos trabalhadores e diminuir a força de negociação das entidades sindicais.
As maiores contradições da cúpula da CUT, entre outras, estão na falta de um debate aberto, com todo movimento sindical, acerca de suas reais pretensões; na aceitação da “benevolência” do ex-presidente Lula, que destinou 10% (dez por cento) da contribuição sindical para as centrais, que só no ano passado somou R$ 115,8 milhões de reais, tendo ficado a CUT com a maior parte deste valor, e ainda, quando o ex-presidente Lula vetou o fim do fator previdenciário, causando prejuízo a milhares de trabalhadores – a CUT se calou!
É importante salientar que a cúpula da CUT, desde o governo Lula, passou a defender a política do Executivo do PT (Partido dos /trabalhadores). E tanto isso é verdade que muitas lideranças se desligaram da CUT, por não concordarem com a sua decisão de apoiar políticas que a própria central sempre criticou nos governos anteriores, a exemplo da política econômica, mantida pelo governo Lula, inclusive com a manutenção do Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Portanto, como nunca estivemos comprometidos com nenhum partido político e sempre defendemos a liberdade, a autonomia das entidades sindicais e as causas dos trabalhadores, independentemente de partido e governo, alertamos o movimento sindical e a classe trabalhadora para ficarem atentos a esta iniciativa da cúpula da CUT, que está junto com este governo para acabar com a contribuição sindical, a fim de enfraquecer a estrutura sindical em nosso país!
Em suma: nossos direitos sociais estão altamente ameaçados!
(*) Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação (CNTA) e vice-presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do Estado de São Paulo.
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