Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e
 Afins (CNTA Afins) participou nessa terça (28/3) de audiência pública 
sobre os impactos da operação Carne Fraca, realizada pela Comissão de 
Direitos Humanos no Senado Federal. Na ocasião, a entidade que 
representa 400 mil trabalhadores do setor no País, sendo 110 mil da BRF 
(Sadia e Perdigão) e 130 mil da JBS (Seara e Friboi), apoiou as 
investigações da polícia federal e propôs a criação de uma parceria 
público-privada para a manutenção dos empregos. Segundo o Ministério da 
Agricultura, aproximadamente 6 milhões de empregos estão ameaçados 
atualmente em toda a cadeia produtiva do setor.
Diretor
 da CNTA, Darci Pires da Rocha, afirmou que é preciso punir "corruptos e
 corruptores" e denunciou as más condições de trabalho em grande parte 
das empresas, mesmo após a criação de uma norma regulamentadora 
específica para o setor, que estabeleceu exigências mais rigorosas sobre
 a saúde e a segurança em frigoríficos. A NR 36 do Ministério do 
Trabalho está em vigor desde 2013 e, no entanto, irregularidades, como 
ritmo excessivo de trabalho e descumprimento de pausas para descanso e 
recuperação térmica ainda são praticadas por alguns frigoríficos, 
sobretudo, os grandes grupos.
"As
 empresas desse setor são altamente beneficiadas por incentivos e 
isenções fiscais, principalmente, apoiadas pelo BNDES, que tem sido 
parceiro dessas empresas e, inclusive, sócio de algumas. E ainda há os 
incentivos estaduais, como o programa Agregar RS, que também beneficia 
esse setor e ajuda os empresários.", ressalta Darci, ao cobrar maior 
compromisso com as condições de trabalho.
"As
 demissões estão na cabeça dos trabalhadores. E a pressão  é muito 
grande nesse momento. Esses mesmos trabalhadores são submetidos a 
extensas jornadas de trabalho, ritmos elevados de trabalho, pressões de 
chefias, e exposições a ambientes frios, mórbidos e de muitos acidentes 
de trabalho. Com essa apreensão, é evidente que isto pode aumentar 
dentro das empresas por conta da insegurança que os trabalhadores passam
 nesse momento.", alerta.
O
 sindicalista foi um dos grandes incentivadores e participantes de uma 
força-tarefa inédita de adequação das condições de trabalho nos 
frigoríficos do Rio Grande do Sul, em prática desde 2014 pelo Ministério
 Público do Trabalho, Ministério do Trabalho, sindicatos locais e CNTA. 
Na categoria da Alimentação, o setor que lidera o número de acidentes de
 trabalho é o de frigoríficos. Entre 2012 e 2014, o número de acidentes 
de trabalho cresceu de 18.226 em 2012 para 19.821 em 2014 (alta de 
8,7%).
“Viemos
 propor que seja garantido, no mínimo, seis meses de emprego para os 
trabalhadores do setor durante essa travessia atual, já que os 
trabalhadores não têm nenhuma responsabilidade com esta crise. São eles 
que produzem e fazem a riqueza desse setor. Se algum trabalhador, em 
algum momento, teve de cumprir tarefas que desabonam a conduta de um 
cidadão brasileiro, destaco que eles são subordinados à empresa” , 
defende a CNTA.
 
 
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