Cerca de 3 mil
funcionários da multinacional Marfrig Group foram beneficiados pela campanha
salarial 2012 no Rio Grande do Sul. Além do reajuste de 14,75% no piso, acordo
viabiliza transporte gratuito aos trabalhadores do setor
A
intransigência dos frigoríficos por pouco não resultou em uma paralisação geral
no Rio Grande do Sul (RS). Cerca de 3 mil funcionários da multinacional Marfrig
Group rejeitaram proposta inicial de 8,8% de reajuste salarial e conquistaram,
nessa quarta (05/09), 14,75% em acordo que garante ainda aumento no vale
alimentação e transporte gratuito aos trabalhadores. As negociações da campanha
salarial 2012 tiveram início em junho deste ano.
Sob
ameaça de greve desde a última semana, trabalhadores das regiões de Bagé,
Pelotas, Alegrete e São Gabriel reivindicaram aumento salarial com reposição da
inflação e melhorias das condições de saúde, diante de cláusulas sociais. “Realizamos diversas assembleias onde os
trabalhadores rejeitaram uma proposta da empresa com salário baixo e estávamos
nos preparando para instalar uma greve. A participação dos trabalhadores foi
maciça e isso repercutiu na direção da empresa. Nessa segunda íamos parar as
unidades de Alegrete e São Gabriel, com a participação de 1.700 trabalhadores,
no entanto, a empresa cedeu e apresentou outra proposta que não atendeu 100% o
interesse dos trabalhadores, mas atendeu o interesse da maioria“, afirma Darci
Pires da Rocha, coordenador político da Confederação Nacional dos Trabalhadores
nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA), que coordenou as negociações com
sindicatos locais e representantes patronais.
Segundo
Darci, a principal preocupação dos trabalhadores foi atingir um índice com ganho
real que superasse a inflação. Para ele, a mobilização dos trabalhadores foi
determinante para a conquista que, segundo Darci, foi um dos maiores ganhos
percentuais já vistos no Brasil. “Nós queríamos um mínimo de 10% para todos os
trabalhadores de forma linear, que é um índice significativo já que temos uma
inflação de 4,85%. Talvez essa tenha sido uma das negociações que atingiu maior
ganho percentual do Brasil. Tivemos reajuste de 10% para os trabalhadores que
ganham até R$ 2.000 e 14,75% no reajuste do piso (R$ 787,00)”, comemora Darci,
que também destaca a garantia de transporte gratuito e o aumento do vale
alimentação para R$ 115,00.
Frigoríficos sem
regulamentação profissional
O presidente da CNTA, Artur Bueno de Camargo, elogiou a participação dos dirigentes sindicais e a unificação dos trabalhadores da região. No entanto, lembrou que o setor frigorífico ainda tem muito o que avançar, sobretudo, no que diz respeito às condições de saúde e segurança no trabalho. Nesta terça (11/09), representantes patronais e dos trabalhadores voltam a discutir com o governo a criação da Norma Regulamentadora dos Frigoríficos, no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
“Foi
comprovado que é possível avançar somente através das mobilizações. Para nós,
da CNTA, é muito importante termos essa unidade e isso no futuro com certeza
trará também melhores resultados na luta dos trabalhadores em busca de
melhorias”, afirma.
Sobre
a falta de avanço da construção da NR dos Frigoríficos, há mais de um ano em
discussão no MTE, Artur não descarta a retomada da mobilização nacional para
defender interesses gerais dos trabalhadores da categoria, como a redução da
jornada de trabalho, a extinção das horas extras e a concessão de pausas para
descanso de 10 minutos a cada 50 minutos de trabalho – rejeitados pelo patronal ao longo das
negociações.
“Espero
realmente que essa próxima reunião traga uma proposta de consenso e que possa
pelo menos amenizar um pouco os problemas de saúde e de acidentes de trabalho
dentro dos frigoríficos, que são alarmantes. Se isto não acontecer, espero que
o MTE cumpra seu papel e não fique refém dos empresários, que não querem
avançar na melhoria das condições de trabalho”, diz.
Segundo a ata de
negociação dos frigoríficos no RS, as principais cláusulas do acordo são:
Piso:
R$ 787,00 (reajuste de 14,75%);
Piso
Profissional: R$ 840,00 ( reajuste de 13,67%) ;
Reajuste:
até R$ 2.000,00 10% retroativo a junho;
Acima
de R$ 2.000,00 8,5% retroativo a junho;
Vale
alimentação: R$ 115,00;
Vale
transporte: Gratuito.
Assessoria de imprensa
da CNTA
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Clarice
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