Para movimento sindical,
aprovação de anteprojeto de lei encaminhado ao Congresso pelo Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC significa mais uma flexibilização trabalhista
Proposta
de anteprojeto de lei que defende a prevalência do negociado sobre o legislado
nas negociações coletivas é tema do Seminário
sobre Acordo Coletivo Especial nesta segunda (03/09), às 18h, na Universidade de São Paulo (USP). A iniciativa é
da central sindical Conlutas, que dará início a uma campanha nacional contra o
Acordo Coletivo Especial. A programação inclui palestras com o professor da
Faculdade de Direito da USP, Souto Maior; e com os dirigentes da Confederação
Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA), Artur
Bueno de Camargo, e da Federação Nacional dos Metroviários (Fenametro), Paulo
Pasin.
De
acordo com Wilson Ribeiro, diretor executivo da Conlutas de São Paulo, o objetivo
do evento é conscientizar trabalhadores e sindicalistas acerca das tentativas
de flexibilização das leis trabalhistas. Ele critica a falta de participação
das centrais sindicais na discussão do tema e afirma que a proposta proporciona
a precarização das condições de trabalho.
"A
gente percebe que o projeto é uma reedição da proposta do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, na época da reforma sindical e trabalhista. E traz como
conteúdo a proposta de flexibilizar os direitos e precarizar as condições de
trabalho como vem acontecendo como a Lei das Cooperativas. O ACE é um golpe
duro e mortal na CLT, e defende os interesses dos empresários. Ele propõe que
qualquer acordo feito entre sindicato e empresa não possa ser questionado nem
pelo tribunal, nem pelo governo. Ou seja, que nenhuma autoridade possa
interferir. Esse acordo seria soberano, inclusive, sobre a legislação. Com
isto, nós corremos o risco de ter vários sindicatos sem poder de mobilização
que ficarão reféns de acordos muito ruins para as categorias", comenta.
Capitalismo e trabalho
O
palestrante Artur Bueno de Camargo, presidente da Confederação Nacional dos
Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA), avalia com
preocupação a proposta. "Este é um projeto isolado do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC, que é uma das entidades filiadas da CUT, e que tem apoio
da cúpula da CUT e, inclusive, de empresários. Resta refletir se o que é bom
para o capitalismo também vai ser bom para os trabalhadores", pondera.
"Fazer
prevalecer o negociado sobre o legislado não faz sentido porque não existe
nenhuma lei, seja na Constituição, seja na CLT, que impeça o trabalhador de
tentar negociar melhores condições e benefícios além do que está previsto em lei. Ou seja, se a lei
garante 50% de adicional na hora extra, o sindicato não é impedido de negociar percentuais
superiores. No entanto, me preocupa que haja intenção dessas negociações passem
a ser feitas abaixo da lei", diz.
Artur
Bueno também afirma que além de beneficiar o empresariado, o ACE poderá contar
com apoio do governo e do próprio PT. “Quantos postos de trabalho foram
eliminados por causa da tecnologia e os empresários não foram sensíveis a isto?
Até mesmo em negociar a redução da jornada de trabalho, que desde 1988 não é
reduzida. Para mim, afirmar que a aprovação deste projeto será refletida
positivamente na economia do país é uma falácia. Para nós, isto é um
aconchavado de governo federal com a cúpula da CUT”, critica Bueno, que também
destaca a terceirização como forma dos interesses dos empresários prevalecerem
ao dos trabalhadores.
Assessora de imprensa da
CNTA
Clarice Gulyas (61) 8177 3832 / 3242 6171
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