Sob a coordenação da sala de apoio da CNTA – Confederação Nacional dos Trabalhadores das Indústrias da Alimentação e Afins, para a região sul, os sindicatos dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Pelotas, Bagé e São Gabriel, filiados a entidade, firmaram um acordo coletivo de trabalho com a empresa Marfrig com grandes avanços para os trabalhadores do Setor.
Realizada na sede do Sindicato de Bagé, nos dias 21 e 22 de junho do corrente ano, os representantes dos trabalhadores, reunidos com os representantes da empresa concluíram a negociação que se estendeu ao longo do mês.
Entre os itens da pauta, o reajuste para os salários acima do piso ficou em 8%, o que, agregado as demais cláusulas econômicas negociadas, deram aos salários um ganho real bastante significativo, já que no acordo ficou consignado a redução do desconto do vale transporte no salário dos trabalhadores de 6% para 2%, a redução para R$ 0,70 centavos para cobrança de cada refeição que é descontada em folha de pagamento, além do aumento do valor da cesta básica para R$ 80,00.
Nos pisos, o reajuste variou de 11,26% a 22% uma vez que o valor do piso ficou em R$ 686,70, sendo que para os faqueiros, onde em algumas unidades da empresa não havia sequer piso estipulado, o valor ficou em R$ 739,20.
Além disso, outras conquistas foram estabelecidas como 30 minutos diários para troca de uniformes, a obrigatoriedade de justificativa pelos médicos da empresa, sempre que o trabalhador apresentar um atestado médico que o referido profissional entenda que tenha de ser reformado, o compromisso da empresa em custear, integralmente, os procedimentos médicos e exames em caso de acidente de trabalho, bem como os exames solicitados pelo médico da empresa, em caso de doenças profissionais, ou os exames necessários para a concessão do benefício previdenciário.
Some-se a isso, o compromisso em acordo, por parte da empresa, de antecipar 100% da inflação dos meses de junho a dezembro de 2011 na folha de janeiro de 2012.
Segundo Luiz Carlos Cabral, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação de Bagé, esse foi um dos melhores acordos dos últimos anos – Nós consideramos um excelente acordo, pois, além das cláusulas econômicas, tivemos avanços em cláusulas sociais muito importantes, aliás, eu acho que o acordo sobre o custeio de exames nos casos de acidente do trabalho é inédito, pelo menos na nossa região. Sem dúvida foi uma grande vitória para os trabalhadores – afirmou Cabral!
Para Lair de Matos, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação de Pelotas esse foi um bom acordo – Queremos acrescentar a importância do papel da CNTA nesta negociação como um dos fatores que permitiram alguns avanços que obtivemos – destacou Lair.
Gaspar Neves, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação de São Gabriel, acrescentou que o acordo foi significativo não só pelas novas cláusulas, mas também pela manutenção dos direitos conquistados ao longo dos acordos anteriores – Esse foi um acordo que realmente teve avanços, pois cláusulas importantes foram conquistadas, mas não em troca de direitos pré-existentes, como muitas vezes acontece. Com isso, além do que já foi enumerado, mantivemos também o aviso prévio proporcional e o auxílio creche, entre outras – ressaltou Gaspar.
Para Darci Rocha, coordenador político da sala de apoio da CNTA para a região sul, apesar de todas as dificuldades decorrentes de uma negociação unificada para unidades cujos acordos eram bastante diversificados, o saldo da negociação foi altamente positivo – Não podemos deixar de enaltecer, em primeiro lugar, as entidades sindicais que, compreendendo a importância dos trabalhadores de uma mesma empresa ser tratados de maneira igualitária, colocaram suas postulações particulares de lado de buscaram a negociação de maneira unificada, pois isso significou um avanço político talvez mais expressivo ainda que os avanços sociais e econômicos obtidos na mesa de negociação, claro que para todo negociador a expectativa é sempre conseguir obter índices e cláusulas que dêem aos trabalhadores salários e condições de trabalhos a altura do mérito daqueles que produzem a riqueza do país, mas somos conscientes que a conjuntura nos limita muitas vezes. E dentro da realidade econômica que se apresenta, temos certeza que o acordo firmado com a empresa Marfrig foi um grande avanço, já que pudemos debater e incluir cláusulas que garantem a melhoria nas condições de trabalho, além das clausulas econômicas.- disse Darci, e concluiu - Sabemos que isso foi fruto de um processo que tem muito do trabalho das entidades junto aos trabalhadores da fábrica, do investimento feito pelas entidades, como no caso do Projeto T.E.I.A.S., mas principalmente do amadurecimento político das entidades que colocaram as questões locais de lado em prol do benefício conjunto, pois se já é injusto que a classe trabalhadora seja tratada de maneira tão desigual, pior quando a desigualdade existe entre trabalhadores de uma mesma empresa, e não alimentar essa desigualdade por mera questão de vaidade pessoal é prova de unidade dos trabalhadores na prática e não só no discurso – declarou Darci!
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