Trabalhadores de frigoríficos comemoram assinatura de
Norma Regulamentadora
Após
assinatura do Ministro do Trabalho, Manoel Dias, na manhã desta quinta (18/4),
CNTA Afins pede mais fiscalização ao MTE e quer a retomada de negociação com a
CNI para avaliar a implantação da NR 36 e a busca de um piso salarial nacional
para o setor
Representantes
de entidades patronais e profissionais da Alimentação participaram na manhã
desta quinta (18/4) de ato para assinatura da Norma Regulamentadora n° 36
no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A nova regulamentação irá mudar a
realidade de cerca de meio milhão de trabalhadores no setor frigorífico, a
partir da adoção de novos critérios que preveem a melhoria das condições de saúde
e segurança nas indústrias, como adaptações estruturais e concessões de pausas.
Representante nacional da categoria quer a retomada de negociação do piso
salarial nacional para o setor e categoria em geral junto à Confederação
Nacional da Indústria (CNI). Na ocasião, a Confederação Nacional dos
Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA Afins) entregou em
mãos ao ministro, ofício que pede explicações do governo quanto à falta de
contrapartida social do BNDES em relação aos empréstimos e/ou
participação nas empresas, sobretudo, frigoríficos como JBS, Marfrig e Brasil
Foods.
Segundo o
ministro do Trabalho, Manoel Dias, o documento deve servir de exemplo a outros
setores da economia e contribuir com o aumento da produtividade nas indústrias
frigoríficas. No período de 2008 a 2010 foram registrados mais de 61 mil
acidentes no setor.
"Quero
na minha gestão usar esse modelo (Comissão Tripartite de Trabalho), que
resultou no trabalho onde patrões e empregados, com competência, discernimento
e espírito público, souberam encontrar uma saída. O ato de hoje serve de modelo
e exemplo para outros setores da economia. É fundamental para os trabalhadores
que seja preservada sua saúde especialmente. Até porque nessa máquina, sem
saúde não se produz. Todos ganharão, tanto empregados quanto
trabalhadores.", declarou.
Mais
fiscalização
Para o
presidente da CNTA Afins, Artur Bueno de Camargo, a nova regulamentação
significa uma ferramenta a mais de combate à precarização no trabalho. No entanto,
Bueno pede mais estrutura nas subdelegacias regionais do trabalho e nos postos
do MTE, com fiscalização permanente. Os trabalhadores também querem a retomada
da negociação do piso salarial nacional para o setor frigorífico e categoria da
Alimentação em geral junto à CNI, paralisada em 2011 para conclusão da NR 36.
Entidade cobrou urgência da publicação do documento via ofício ao MTE na última
semana.
"Temos
acompanhado através das entidades sindicais a ocorrência constante dos
acidentes de trabalho nesse setor, sobretudo, na atividade de desossa, onde o
esforço repetitivo é muito grande. Conquistamos uma ferramenta de trabalho que
precisa de todo o apoio do MTE no sentido de ampliar a fiscalização nos postos
de trabalho", avalia.
Na
ocasião do encontro, a CNTA Afins entregou em mãos ao ministro do Trabalho um
ofício (protocolado na última semana) em que pede explicações do governo quanto
à falta de contrapartida social do BNDES em relação aos empréstimos e/ou
participação nas empresas, sobretudo, frigoríficos como JBS, Marfrig e Brasil
Foods.
"Senhor
Ministro, temos cobrado do BNDES maior empenho na exigência da manutenção dos
empregos pelas empresas que obtém ajuda do banco, mas precisamos do auxílio
deste conceituado Ministério, para fazermos com que a palavra S (social) do
BNDES prevaleça e possamos garantir o emprego dos trabalhadores, para fazermos
justiça social.", diz o texto.
Acidentes
e impacto financeiro
Segundo
dados da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), fornecidos
pelo pesquisador Paulo Rogério Oliveira, coordenador-geral de Politicas de
Combate a Acidentes de Trabalho do Ministério da Previdência Social, dos 70 mil
benefícios mantidos pelo INSS, entre 2000 e 2008, envolvendo transtornos dos
tecidos moles (conjuntivo, epitelial e muscular), 1.017,38 foram destinados ao
setor de abate de bovinos e 1.229,18 às avícolas. Esse número representa 3,53%
afastamentos a mais do que a média nacional de outros setores, e até 4,26%
quando diz respeito ao abate de aves e outros pequenos animais. Dados mais
recentes do número total de acidentes de trabalho envolvendo o setor
frigorífico em geral no período de 2008 a 2010 registraram mais de 61 mil
acidentes, sendo 22.654 no setor bovino e 38.520 em avícolas.
Sobre o investimento no setor, a advogada trabalhista Rita
de Cássia Vivas, assessora jurídica da CNTA Afins, avalia que além de melhorar
as condições de trabalho e a produtividade nas empresas, a iniciativa irá
contribuir ainda para economizar o gasto dos cofres públicos em relação aos
afastamentos pelos INSS. “Toda sociedade, neste momento, deve se unir visando à
redução ou, se possível, até mesmo a eliminação por completo dos acidentes de
trabalho, haja vista que as perdas ocasionadas em casos de acidentes não se restringem
ao âmbito familiar, porquanto repercutem no erário com o custo elevado de
concessão de auxílios acidente e aposentadorias por invalidez. Esses acidentes,
assim, afetam o PIB e contribuem por elevar o impacto econômico.”, argumenta.
Por: Clarisse Gulyas
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