MESMO RECEBENDO DINHEIRO PÚBLICO, EMPRESAS DEMITEM TRABALHADORES AO INVÉS DE GERAR EMPREGO E RENDA!
Está virando moda! As empresas que sempre foram defensoras do livre mercado e do "Estado Mínimo", sempre que precisam "esquecem" de suas convicções e procuram a ajuda do Estado para que o dinheiro público as ajudem a sair das dificuldades.
O que todas elas tem em comum? Simples! Todas alegam que com o aporte de recursos financeiros das esferas governamentais (União, Estados e Municípios) elas serão capazes de aumentar a produção, expandir seus negócios e com isso gerar emprego e renda, o que em última análise, seria o mínimo que qualquer agente público ético exigiria como contrapartida para colocar dinheiro público em um negócio privado!
Ocorre é que assim que o aporte de recursos financeiros entra nos cofres empresariais, em pouco tempo as promessas de geração de emprego e renda são substituídas por fechamentos de fábricas, concentração de produção e demissão sumária de trabalhadores sem o mínimo pudor, e tudo em nome de "dificuldades sazonais", "ajustes logísticos", "pouca competitividade", "crises" e por aí vai!
Sempre que isso ocorre, a grande mídia esmerasse em "explicar" o quanto essas medidas são necessárias e os argumentos são tão conhecidos como surrados, tais como "custo Brasil", "falta de infra-estrutura", "carga tributária", "crise global" e etc. e exemplos para isso não faltam, como os casos da AMBEV, BRF - Brasil FOODS, para falar só do ramo da alimentação. O que a mídia nunca explica é: será que os empresários não sabiam dessas dificuldades antes de prometerem gerar emprego e renda em troca do dinheiro? E os agentes públicos ( Governos, BNDES, etc) não fizeram nenhum estudo antes de investirem bilhões em negócios que nem sequer respeitam a responsabilidade social que assumem?
Pois é, isso está acontecendo com a LBR - Empresa Lácteos Brasil e a Marfrig Group, na área de frigoríficos bovinos!
Um ponto em comum? As duas receberam aportes bastantes substanciais de dinheiro público, seja em dinheiro diretamente investido através do BNDES, seja através de renúncias fiscais do Estado, que, segundo fontes da própria mídia, a quantia chega a alguns "bilhões" de reais entre as duas.
Outro ponto em comum? A mesma falta de respeito social, demitindo trabalhadores e fechando unidades produtivas sem qualquer aviso, sem negociação com as entidades representativas e sem a mínima preocupação com o transtorno social que causa aos municípios onde essas pessoas trabalham e onde suas unidades estão instaladas.
Segundo Pedro Mallmann, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Estrela e Região, cuja entidade representa os trabalhadores da LBR de Fazenda Vila Nova, onde 84 trabalhadores foram demitidos, a atitude da empresa é lamentável, já que nem sequer procurou a entidade para negociar, e ainda fala em pagar parceladamente as rescisões.
No caso da Marfrig esse tipo de atitude tem sido uma prática recorrente, ela fecha unidades produtivas como no caso de Capão do Leão (900 trabalhadores demitidos desde que começou o processo de fechamento), ou demite sumariamente sem qualquer aviso prévio como no caso do Frigorífico de São Gabriel (160 trabalhadores até o momento do fechamento da matéria), o que nem de longe é a atitude mais "estranha" da Marfrig, já que ela gastou muito dinheiro para adquirir unidades da SEARA em Roca Sales, para imediatamente fechar linhas de produção e demitir centenas de trabalhadores em muito pouco tempo! E teria feito mesmo com uma unidade adquirida em uma troca de ativos com a BRF em Bom Retiro do Sul, não fosse a resistência dos trabalhadores do Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação de Estrela e da CNTA.
Para o coordenador político da sala de apoio da CNTA - Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins para a região sul, Darci Pires da Rocha, chegou a hora da sociedade tomar conhecimento e debater a atitude dessas empresas e o uso que está sendo feito do dinheiro público!
-Procuramos a Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, por intermédio do Deputado Estadual Catarina Paladini, para que possamos realizar uma audiência pública para tratar do caso Marfrig aqui no Estado, uma vez que, em que pese todos os esforços de governos e dos trabalhadores, as atitudes da empresa não mudam, e a falta de respeito com trabalhadores chega as raias do absurdo. Está na hora das autoridades tomarem uma decisão se vale mesmo a pena continuar investindo dinheiro público sem a mínima responsabilidade social, pelo contrário, na mão desses empresários, o dinheiro público tem se tornado uma arma contra a própria população. Afirmou Darci!
Gaspar Neves, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de São Gabriel questiona as atitudes da Marfrig.
-Mesmo recebendo incentivos fiscais eles demitem e não querem nem saber se estão causando problemas sociais, afinal, trata-se de um grande grupo industrial, o que atrai profissionais ou fazem pessoas se qualificar nesse ramo, daí se a empresa demite assim, sem aviso, frustrando a expectativa que ela gera ao se instalar em um Município, ela cria um caos social e um grande prejuízo a economia local! disse Gaspar!
Com relação a LBR, o Presidente da CNTA - Artur Bueno de Camargo procurou agir imediatamente uma vez que as demissões da empresa ocorreram em várias Cidades.
Em comunicado que chegou ao Boletim Informativo, Artur estará em reunião com representantes da empresa no dia de hoje, na Cidade de São Paulo e com representantes do BNDES no dia 05 de abril, no Rio de Janeiro, onde essas demissões de uma empresa que recebeu tanto aporte financeiro público serão questionadas.
Por Luiz Araújo