Artigo: por Darci Rocha e Luiz
Araújo
Quanto mais lemos sobre Nelson Mandela, menos entendemos o
porquê de tantas pessoas da elite, instituições como a mídia e muitos governantes de nações poderosas
prestarem homenagem a ele.
Mandela viveu e morreu defendendo ideais que a elite mundial
mais abomina, como igualdade de direitos, respeito a seres humanos e a vida.
Nelson Mandela falava em povo, em coletivo, não em indivíduos!
Desde quando a mídia e as chamadas nações poderosas, com suas
práticas de glamorização do indivíduo, de exaltação a elite e todos seus conceitos
de vida excludentes, predatórios e discriminatórios, que valorizam mais o bem
material do que a vida, mudaram de opinião?
Quem abre um jornal, liga uma TV ou acessa um site, pode até
pensar que Nelson Mandela, além de todo o bem que fez a humanidade, e olhem que
não foi pouco, também conseguiu operar o milagre de conscientizar a elite e o aparato midiático, que defende seus interesses, a deixarem de
valorizar tanto o lucro e a futilidade.
Mas basta olhar para o interior de uma fábrica, para o interior
de uma plantação, para bairros e favelas ou continentes como a própria África,
para que se constate que abominações como escravidão, exploração infantil, violência contra a mulher, racismo, assédio
moral e tantas outras formas de desrespeito a dignidade e a vida no planeta são
práticas cotidianas de muitos hipócritas que exaltam Mandela.
Tudo bem que não se pode subestimar o "poder" de persuasão
que esse jogo de cena traz, não é a toa que o enforcamento de tantos inocentes
em praça pública em um certo 1º de maio ou o assassinato de várias mulheres
queimadas vivas em uma fábrica, em um certo 8 de março, virou motivo de festa e
comemoração ao invés de datas de reflexão de todo o mal que a ganância pode
causar.
Tomara que nunca esqueçamos quem foi esse líder, pelo que
lutou e viveu, para que saibamos sempre identificar se estamos diante de
pessoas, instituições ou governantes que lamentam profundamente a falta de um grande
exemplo, ou diante de pessoas, instituições ou governantes que são um grande e profundo exemplo lamentável que não fará a menor falta.
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