Artur Bueno de Camargo (*)
Após
o término dos dois turnos dos pleitos municipais, vale à pena fazermos uma
reflexão sobre as eleições e o comportamento dos candidatos, dos partidos, dos
apoiadores e das autoridades.
Durante todo o período eleitoral, percebemos
que a maioria dos candidatos, seja para os cargos do Poder Executivo, seja para
os cargos do Poder Legislativo, não deram destaque às siglas dos partidos pelos
quais estavam concorrendo, e muito menos às siglas das coligações feitas para
estas eleições!
Será que esta falta de visibilidade foi
para tentar camuflar as incoerências e contradições que ocorreram nas
campanhas?
Tivemos um exemplo muito próximo de
nós. Em nossa cidade de Limeira onde o PSB elegeu seu candidato no primeiro
turno, elegeu como vice-prefeito um candidato do PT! Enquanto isso, em
Campinas, cidade praticamente vizinha à nossa, o candidato do PSB disputou o
segundo turno com o candidato do PT!
Poderíamos entender que isto seja
parte da verdadeira democracia. Mas, a pergunta que não quer calar é: - A
proposta de governo é do candidato ou do partido? Se for do partido, porque a
proposta para Limeira contempla PSB e PT, enquanto em Campinas a proposta do
PSB foi duramente criticada pelo PT? Aliás, não deveria haver qualquer diferença,
pois, o PSB é um dos partidos de apoio ao Governo Federal (PT)!
Ora, se a proposta de governo for
elaborada pelo candidato, individualmente, então qual a razão da existência do
partido? Apenas para fornecer um número para o candidato e medir seu tempo na
TV e nas rádios?
Outra incoerência que pudemos
observar. O ex Presidente Lula, fez um discurso em São Paulo (Capital), dizendo
que era preciso inovar, defendendo seu candidato de oposição. Já ao discursar
em Diadema (SP), onde seu candidato era situação, disse que não se deveria
trocar o certo pelo duvidoso!
Podemos não concordar com várias
questões apresentadas pelos partidos PSOL e PSTU, da corrente socialista dos
trabalhadores. Mas, temos de admitir que eles procuram ser coerentes. O
candidato do PSOL que concorreu às eleições no município de Belém do Pará
aceitou o apoio do ex Presidente Lula em sua propaganda eleitoral, o que lhe
custou o abandono de seus apoiadores, que são dissidentes do PT. Isto é
demonstração de coerência!
Outro fator que chamou atenção foi
que apoiadores e até mesmo governadores, ministros e a Presidente da República
disseram em seus discursos de apoio aos seus candidatos, que iriam apoiá-los e
trabalhar juntos nos seus governos!
Entendemos que ter preferência de
partido ou de candidatos, e apoiá-los, é direito de todos, mas, escolher uns em
detrimento de outros, para apoiar e trabalhar junto, quando no exercício de
cargo público, trata-se no mínimo de abuso de poder!
Meus
companheiros leitores, diante de tantas questões duvidosas, e de outras mais
que não seria possível apresentar neste espaço, vocês concordam que estamos
precisando de uma reforma política urgente?(*) Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação
(CNTA) e vice-presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do
Estado de São Paulo.
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